sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Muito mais que um abraço, forrado
Mais que um lábio pelo meu amassado
Que tenha uma alma pela minha aferida
E um coração pelo meu amado
Um véu que transpareça minha loucura
Que disfarce toda a agrura
Um espelho recíproco, desnudo
Um velar mais que noturno
Um ser mais que mais
Muito por dentro por mim a esperar
Muito por fora por mim a abraçar
Muito por tudo por nós a festejar.
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
Lua clareando meu chão
Na avenida cruza um destino
Na minha visão chega um coração
Pernas que deslizam no abraço
Olhos passeiam perdidos
Medo que se faz no ato
O beijo que passeia aflito
Brisas vibram nas fibras
Ânsia que bebe toda a sede
Timbre que em mim se afina
Nome cortando feito estilete
sexta-feira, 10 de julho de 2009
E todos os dias, gira sua rosada saia
Ao som dos créditos que rolam na tela
Quando o filme acaba
Aperta os olhos, como numa profunda oração
Quando um desejo brota ao coração
Pedindo agrados doces
Enchendo meu regresso de emoção
Tamanha perfeição que mora em meus olhos
Olhos que miram seu espelho recíproco
Reflexo inspirado no encontro
Aumentando ainda mais este vínculo
domingo, 14 de junho de 2009
Como meu instrumento-coração
E meus lábios, tão pálidos
Como teus olhos na multidão
Minha vontade mancha de vermelho
Cada sincopa que desejo
E os pés dançam no chão,
Em pleno fogo,
Perdendo totalmente a noção
Dias passam em horas
Minutos em colcheias
As luzes risonhas e irônicas
Tiram do foco as intenções alheias.
Uma alma disposta a vestir
Ruma livre ao desconhecido
Coração novo, totalmente disposto
Sente tudo aquilo que possuir
Sem ajuste póstumo
Sem apoiar os óculos
Rompo com o termo tempo
Boiando neste lamento
Certo, rápido e certeiro
Como flecha ao seu intento
E o conto, com afinco, o encontro
Neste estado mais que perfeito
Cá estou agora
Na hora da reviravolta
Rodo e giro neste mundo
Ampliando meus braços em minha órbita
Labaredas minhas na face
O cheiro quente que aquece o peito
E as tuas, na base,
Tecendo o tal desfecho
Presa na distancia dos passos
Acarinhada pelo mesmo laço
Sem esperanças demais, ou de menos,
Forjado com o termo afiado.
Pouco mais tenho a dizer
Variando entre o ser e o ter
Estilhaçando outros tantos
Esculpindo outros mantos.
quarta-feira, 3 de junho de 2009
quinta-feira, 28 de maio de 2009
O ar quente infla os pulmões
E evapora pensamentos antigos,
Explodindo sentimentos vividos.
Tudo me faz voltar no tempo,
Realizar os mesmos trajetos,
Bocejar o mesmo sono,
Ignorar o mesmo vento.
Imagens borradas aparecem
Rostos apagados fulguram,
Estranhos que me cumprimentam
Sorrisos que flutuam.
Olhos em câmera lenta,
Gesto que me afugenta.
Desejo que não se acalenta e
Saudade que me tenta.
Falta ar,
Falta paz,
Falta sossego.
Falta você inteiro,
Sem medo, sem fotos,
Nem modos,
Nem tempo certo para o encontro derradeiro.
Sem dia marcado,
Nem marca passo.
Um compasso certeiro,
Rápido, traçado.
Você virá,
Já vi tudinho.
Vi teus braços enlaçando meus sonhos,
Vi teus olhos, brandos, mudinhos.
E o céu laranja,
Lençol do Sol.
Numa sexta dentro da cesta
sábado, 25 de abril de 2009
Se de dentro do meu peito
Tudo acontecesse.
Explodisse para fora
E resplandecesse
No meu corpo, como um todo,
Muito mais que esse.
Neste espelho o reflexo
Estourado,
Aparecesse.
O índigo, puro,
Que tudo neste,
Voasse alto, mais longe
Até que amanhecesse,
Beijando meus olhos
Como se me conhecesse.
Chamando meu nome
Como se cedesse
Como se nos envolvesse,
Ao desejo anímico
Que resolvesse
Ai se sesse...
quinta-feira, 23 de abril de 2009
Quero tirar as lentes, as lupas, e olhar ao redor sem pressa
Quero assumir meu romantismo, sem ter vislumbres rosáceos
Quero ter meus braços longos e alongados para o derradeiro abraço
Quero ver o amor chegar de frente
Com desfiles ou mesmo sem
Quero ouvir sua voz
E que não seja com desdém
Que ele venha certeiro
E que me pegue pelo peito
De corpo inteiro
Dito e feito.
sexta-feira, 17 de abril de 2009
Por muito pouco me perdi
Por muito menos sofri
Por outros tantos eu sorri
Fui e voltei tantas vezes
Que já perdi a conta dos meses
Que respirei, sufoquei
Nos restaurantes com seus fregueses, que esperei
Não falo do passado... eu não me lembro
Não falo do amanhã... ainda é cedo
Não falo do hoje... desconheço
Falo de você pois só te percebo.
sexta-feira, 10 de abril de 2009
Segue no meu corpo uma linha que é tua
Vem nos meus sonhos uma ânsia pura e nua
Salta aos olhos, no céu, a cheia branca lua
Passeia nos meus lábios um sabor que não se anula
Do dó ao mi, vibrações que ultrapassam barreiras
Minha idéia, louca, sem eira nem beira
Tua lembrança que em meu corpo passeia
Teu cheiro que meus sentidos rodeia
O que sinto digo
O que faço cito
O que vejo omito
O que minto assisto
Como em ondas, meu desejo quebra nas pedras
Nas areias brancas, conchas que trazem pérolas
Vago no espaço entre nossos olhos...
No vago espaço entre os séculos, espera.
quarta-feira, 11 de março de 2009
Os detalhes, às vezes, me escapam...
O tempo do abraço
Mãos e escápulas
Cheiro da pele
O olhar mudo, risonho.
A ansiedade pelo beijo é tanta
Que cada frame passa voando
Incontrolável, imperceptível.
Quando a pulsação volta ao normal
Busco na memória as sensações
Os sabores, temperatura, textura.
E estes detalhes saltam aos olhos
Transbordam pela pele.
Tudo passa quadro a quadro
Num minúsculo intervalo
domingo, 1 de março de 2009
Uma visão I
Tive uma visão.
Uma visão que nasceu de uma alucinação concreta
Tudo devia ser de mentira, mas de mentira só restou minha inocência.
Meu sonho sentiu-se alimentado, ao ver, ao lado, um corpo em repouso.
Era tudo tão perfeito!
A luz, o cobertor, um corpo.... uma alma pairando...
Tudo parou... estagnou...
Meu peito ficou quente, como se algo ocupasse um lugar dantes vazio.
Era você ali, ocupando o espaço que é seu por direito.
Mergulhei de cabeça naquele mar.
O cheiro do sal trazia algo de muito bom,
A areia branca trouxe sossego...
Armei minha rede, e ali fiquei
Sem pressa de ir embora,
Sem vontade de saber por onde andava,
Sem me preocupar se ainda era hora.
Fiquei...
Sempre admirando você ao meu lado.
Sempre sentindo sua brisa me tocando.
Sempre observando cada intervalo.
E assim fiquei...
RETALHOS...
O mundo não cabe na minha cama
O mundo pesa, e minha cama não agüenta
Uma necessidade de ostra que não me faz pérola, nem bela...
Despe meus olhos, me percebo no meio da rua,
Debaixo da chuva
Contra o tempo... contra tempo... encontro um tempo
Muitas vezes me vejo do lado de fora
Fora do tempo, lento
Tem sido minha maior diversão
Já pensei em viajar, mudar de país
Usando um amuleto de estrelado anis,
Coisas diferentes das que já fiz
O que acontece entre quatro paredes,
Nem Sartre para descobrir
A noite, a dança é dos felizes
Dos gatos, dos safados....
Mulatos descolados, cabelos cacheados
Olhos marejados que olham o mundo
Este mesmo mundo que foge dos meus lençóis
Pra chegar depois, e ficarmos a sós, só nós.....
O mundo sabia de coisas, e eu não
O tempo pesou nos meus olhos, mas não no coração
Vesti figurinos novos, mas o palco desnudo
Pausou nossa deixa eterna, como num foco, um clarão.
Te vi chegando de mansinho,
Num quadrado azul, quietinho
Por fora homem, por dentro menino
E com um espelho de olhos verdinhos
Depois de um tempo,
Passado tempo,
No mar das lágrimas crescemos
E viramos pérolas, lindas
Almas em jóias, irmãs
Que sempre estarão unidas.
Brisas que abençoam palavras
Que na liberdade desconfiguram-se em palavas
E estas em sentimentos, não mais malditos
Porque são somente palavas...
Palavas que surgem no céu da boca... e ficam lá...
Fazendo cócegas, dançando...
Algumas sobem...
Vão para o piso superior, transformar-se em elemento...
Outras descem um pouco, piso intermediário, tornando-se alimento...
Outras, ainda, talvez mais fugazes, ou talvez mais espertinhas
Escapam pela boca
E voam novamente... fazendo nascer outras palavas...
Em outras pracinhas...
As que encontram as pracinhas lá esperam,
Empoçam esperando o calor de um dia vivo
Para as mesmas evaporarem... e retornarem ao céu.
Lá dançarão mais um baile.
Mais uma valsa,
Mais um compasso..
E de uma dança, uma nova canção o pulmão se enche...
As palavras-palavas esperam... seu ápice está por vir.
Uma melodia flutua no ar,
Faz vibrar um coração.
A expectativa toma o salão,
Torna-se densa.
O ar quente possuia a sala,
Deixa a moça ruborizada.
Os pares se entreolham,
Se tocam,
Entrelaçam os olhares tão vivos
Tão ricos e cheios de expectativa.
As pálpebras se fecham... o calor aumenta
E as palavas, no seu frenesi
Vêem a luz.
A poesia torna-se concreta.
Elaine Eco e Felipe de Paula
sábado, 28 de fevereiro de 2009
Do meu mundo, vejo o teu
Do teu sono, embalo meu eu
Do teu corpo, danço sem perceber
Pois nas altas horas encontrei você.
Você é preguiçoso...
De tanto amar, deixou-se cair em silêncio
Inspirado em Butoh, realiza seu balé
Que eu admiro da primeira fileira, na platéia
Agora viaja em seus sonhos
Relaxa seus músculos
Canta pra mim uma música
Que só existe entre nós.
Esta música, agora,
É tão silenciosa que nem sei
Será que estou aqui?
Será que está aí?
Acho que tudo é assim mesmo.
Deve ser natural desconfiar do seu desejo
Mais profundo desejo
Realizado, encarnado, materializado
Ao meu lado.
Fiz do cinza, cor de rosa
Do desencontro o encontro
Dos meus sonhos, palavra nova
Da tinta preta o vermelho fogo
Do que era insípido, o odor das rosas
Das palavras perdidas desfiz meu medo
Do meu desejo, jocoso sufoco
Quando vi teu reflexo,
Foi para me dizer que ia ficar
E eu, cego, entendi errado
Acreditando que ia me deixar
Na parede fria e dura
Minhas cartas penduradas
E como por encantamento
Uma porta se mostrava
Diante da porta, uma calçada
Molhada, porque do céu choveu
E ao invés de lágrimas, nesta chuva
O que eu tenho agora são os beijos teus
Falo entre hálitos.
Beijo, vejo, respiro e calo.
Mais uma vez vejo, respiro e calo.
Mas só depois beijo...
Beijo teu beijo, o nosso beijo
Enlaço teus cabelos num beijo de olhares,
Visto teu semblante num beijo de suspiros,
Amasso teu corpo num beijo de amantes.
Num momento, numa hora
Uma vez, duas, três, tanto faz
O que se faz importante é o ato
A cor é muda
O fato é cálido
E eu calo em tua boca num pensamento distante
Respirando e suspirando teus anseios
Que almejo, por ao menos um instante
15/09/1998
Quando um olho aponta, uma boca abençoa
Se um pé toca, dedos ascendem
Num instante de corpos tudo se promete e mente.
É como o enlace mortal da adaga contra o peito.
O sangue jorrando completando a intenção:
Vida e morte sobre o leito.
Nascemos e morremos a todos os instantes.
Amamos e choramos durante séculos e continuamos errantes.
Não é fácil ceder, ou ser cedido
Gostar e não ser percebido
Sentir e não ser conduzido
Beijar e não ser correspondido
Olhos injetados, raiva nas veias, instinto nalma.
A flor entre as mãos, sobre o tronco espremido, empresta um pouco de vida a um corpo que ali a nossa frente jaz, num súbito silêncio gemido.
Cada conspiração eleita, na minha pele planta
Cada flor dilatada, nos meus olhos sangra
Numa noite fria, seca e santa.
Nem eu saberia que seria assim
Nem Orfeu sairia na avenida por mim
Nenhum tambor de alegria me inflaria, enfim
E poderia não ser, por fim,
Tal qual motim...
Tal qual festim....
....que não explodiu em mim...
Da janela vejo muitas coisas...
Vejo o asfalto, vejo calçados, calçadas.
Vejo a multidão de pessoas cantando um único verso antigo,
repetido pela pianola do tempo,
mas com uma vivacidade como se tivesse sido parido agora.
Vejo Nietzsche na rua, brasileiro por convicção, seguindo atrás do trio elétrico,
batendo macumba num terreiro de chão etéreo.
Vejo teatros, bonecos, objetos estranhos dentro de um mesmo contexto.
Vejo a minha vida passar diante dos meus olhos,
dando os ombros a minha esquisitice sonolenta.
Vejo meu amor chegando para dizer que vai embora,
Assim, sem hora
Sim senhora...
Vejo tudo como se me visse refletida em cada parcela, em cada batucada, em cada migalha, em cada pescada
Eu e a menina dos meu olhos, na madrugada.