Minhas unhas tão rubras
Como meu instrumento-coração
E meus lábios, tão pálidos
Como teus olhos na multidão
Minha vontade mancha de vermelho
Cada sincopa que desejo
E os pés dançam no chão,
Em pleno fogo,
Perdendo totalmente a noção
Dias passam em horas
Minutos em colcheias
As luzes risonhas e irônicas
Tiram do foco as intenções alheias.
Uma alma disposta a vestir
Ruma livre ao desconhecido
Coração novo, totalmente disposto
Sente tudo aquilo que possuir
Sem ajuste póstumo
Sem apoiar os óculos
Rompo com o termo tempo
Boiando neste lamento
Certo, rápido e certeiro
Como flecha ao seu intento
E o conto, com afinco, o encontro
Neste estado mais que perfeito
Cá estou agora
Na hora da reviravolta
Rodo e giro neste mundo
Ampliando meus braços em minha órbita
Labaredas minhas na face
O cheiro quente que aquece o peito
E as tuas, na base,
Tecendo o tal desfecho
Presa na distancia dos passos
Acarinhada pelo mesmo laço
Sem esperanças demais, ou de menos,
Forjado com o termo afiado.
Pouco mais tenho a dizer
Variando entre o ser e o ter
Estilhaçando outros tantos
Esculpindo outros mantos.
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