domingo, 14 de junho de 2009

Minhas unhas tão rubras
Como meu instrumento-coração
E meus lábios, tão pálidos
Como teus olhos na multidão

Minha vontade mancha de vermelho
Cada sincopa que desejo
E os pés dançam no chão,
Em pleno fogo,
Perdendo totalmente a noção

Dias passam em horas
Minutos em colcheias
As luzes risonhas e irônicas
Tiram do foco as intenções alheias.

Uma alma disposta a vestir
Ruma livre ao desconhecido
Coração novo, totalmente disposto
Sente tudo aquilo que possuir

Sem ajuste póstumo
Sem apoiar os óculos
Rompo com o termo tempo
Boiando neste lamento

Certo, rápido e certeiro
Como flecha ao seu intento
E o conto, com afinco, o encontro
Neste estado mais que perfeito

Cá estou agora
Na hora da reviravolta
Rodo e giro neste mundo
Ampliando meus braços em minha órbita

Labaredas minhas na face
O cheiro quente que aquece o peito
E as tuas, na base,
Tecendo o tal desfecho

Presa na distancia dos passos
Acarinhada pelo mesmo laço
Sem esperanças demais, ou de menos,
Forjado com o termo afiado.

Pouco mais tenho a dizer
Variando entre o ser e o ter
Estilhaçando outros tantos
Esculpindo outros mantos.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Na busca de uma nova rima,
Uma outra sina.
Encontro novas ondas
Especiais e especiarias.

No encontro do texto falado,
Tua voz entrecortada
Furando o farol vermelho
Já em hora avançada.

Teu passo, justo ao relógio.
O vinho na mesa aguarda.
Nas tuas mãos, brandas e trêmulas,
Repousam minhas asas.