sexta-feira, 19 de março de 2010

A inocência que de súbito vejo no espelho
Mora nos olhos morenos manchados de mar
Desliza pela alva pele com explicito receio
E se escora nos lábios rosados ávidos por amar

Uma ausência de legendas mistura os sons
A ânsia pelo desconhecido enaltece os tons
O muro partido se frustra ao sonhar
Que um dia foi muro, mas vai agora agregar

A anatomia do abraço se esconde nas tablaturas
Ventrais se procuram, falanges que se afagam soturnas
Película infame que o interstício acumula
Fenômeno pulsante que o tempo apruma

A fortaleza em desejo desmancha em beijos
A bruma do sonho firma o feito
Em mim um estado presente mais que perfeito
No músculo involuntário a reação que encadeio

O verbo se perde em meio o trajeto
Os olhos se buscam na ânsia de parar o tempo
Extremidades se esbarram, não por desatento
Teu sorriso se alastra sorvendo meu silêncio

A fortaleza que por hora meus ais encerram
Desmancha como areia num presente ao qual velo
E esta nova onda que meu coração macera
Instala moradia nesta ilha de rumo certo