quarta-feira, 12 de maio de 2010

E depois do emaranhado de toda uma vida
O fio da meada aparece como por encanto
De agora em diante, desfaço-me do manto
E do receio que me acompanhou por todo canto

Olhei muito mais profundamente como o de costume
Foi assim, então, que aconteceu
O fino véu que confundia minha visão
De um momento para o outro, cedeu

Minhas armas caíram

Era tudo tão simples, e muito complicado
De cores alvas, mas de sentido redobrado
Sem ligações com o ontem, ou amanhã
O hoje se faz mais sagrado que febre terçã

Finalmente a ligação se fez completa
Meu Eu e eu assumimos nossa relação
Configuro meus espaços do lado de fora
E encontro o tempo preso ao meu botão

Meu mundaréu pleno, minha população
Sorriu feliz diante da anunciação
O ato, de fato, mais que enquadrado
No murmúrio revelado em plena perfeição

Um espelho conservado, porém antigo
Um revés distraído de um mundo cão
Bateu asas e voltou para o ninho
Já tonto por conta de tanta ilusão

Meu limiar agora é um pouco brando
Não escancarado, tão pouco talhado a mão
Na claridade que agora me ausculta
Fecho os parênteses que abri sem intenção

Na simplicidade que o hoje me mostra
Vejo a realidade com estampas suaves
Sinto o tempo com generosas gafes
E revejo meu texto sem propor demora